A noite passou rápida e mal dormida, balançando entre o cansaço extremo da enorme viagem do dia anterior e a excitação do dia que se iria seguir. Por mais cobertores que se colocasse em cima nenhum parecia eficaz contra aquele gélido frio que caía na noite desértica, e rogando pragas a mim memso por não ter trazido o saco cama. Acordei cedo e derigi-me às latrinas bem longe da nossa tenda, que para meu espanto se encontravam impecavelmente limpas e maravilha - ÁGUA QUENTE?!! Os novos Tuaregues foram despertando e preparando-se para mais um grande e intenso dia. Comeu-se qualquer coisa ali mesmo ao lado dos Jeeps, uns bolos secos e um café deslavado (nada de substancial perante tão formidável ceia de Cous-Cous).
A imagem repetiu-se, saltámos para cima da viatura depois de acomodadas as mochilas e fomos buscar o restante do grupo a outro acampamento. As primeiras imagens do deserto começaram a ganhar cor, forma e cheiro. Um despertar magnifico, silencioso, grandioso. Sophie e os outros já nos aguardavam sob um acampamento soberbo num palmeiral luxuriante onde estavam dispostas tendas em volta de uma piscina simplesmente magnifica, sim era um cenário perfeito das 1001 noites. Houve ainda uns momentos de arrependimento por não termos escolhido aquele local, mas rapidamente suplantados pela nossa experiencia mais "castiça". Havia uma torre de barro bem alta ali no meio do acampamento, subimos apressadamente e lá no topo, de olhos arregalados estava ele pronto a ser contemplado na sua magnitude O Sahara! Não há palavras nem imagens que alguma vez expressem tais sentimentos de uma solidão tão intensa quanto reconfortante, de um silencio tão absoluto que faz de uma respiração mais acelerada um autentico turbilhão de sons.
Era hora de se fazer há estrada (se bem que não existia), havia uma surpresa à nossa espera que requeria umas calças fortes e boas doses de protector solar. Após 2 horas de caminho ali estava uma cáfila (para quem não sabe, é a famosa manada de camelos!) com os respectivos donos á espera dos traseiros de milhares de turistas loucos de se montarem em cima dos animais. Dá que pensar, o Camelo não é um animal pequeno, não havia celas nem estribos nem nada, uma manta em cima das bossas e seja o que Deus quiser! Não pude resistir à pergunta se o animal aguentava com o meu peso pluma e após exitação inicial lá saltei pa cima do bicho. Era o Tudo ou Nada! De vestes Tuaregues postas e perfumadas de "camelum" seguiu-se a aventura. Lá do alto daqueles mais de 2 metros de andar bamboleante a contemplação do deserto era cada vez mais impresionante, aquela areia tao fina quanto o pó que fica nas estantes do quarto parecia não ter fim, o calor ás 9 manha já ultrapassava os 40 graus e durante algumas horas errámos pelas dunas, não sem antes tentar conduzir o animal que teimoso e sem perceber nenhuma das várias linguas com que lhe falei andou numa correria desenfreada levando de reboque outro camelo.
De pernas e rabo assado de tanto bamboleio, fomos ver miragens e uns saltinhos do Jeep pelas dunas, ao menos os bancos eram mais macios, não havendo final de manhã melhor que aquele. Era tempo de almoço e por decisão mútua fomos par ao nosso hotel no meio do nada, um edificio de cor creme ali no meio das areias finas sem nenhum sinal de civilização por perto. o Almoço estava servido, COUS-COUS (não sei se já vos tinha falado) e uma tarde infindavel pela frente. Dormir estava fora de questão, o calor era enorme, e depois de uma sessão de acrobacias circenses descobri uma piscina!! A água era verde e cheia de mosquitos, mas o calor chamou mais forte e ninguem resistiu a mergulhar naquelas maravilhosas águas. Ainda hoje me pergunto se por ventura não seria aquilo a fossa do hotel!?
Nisto a tarde passou rápida, veio o jantar com mais um prato típico de cous-cous e a noite estrelada não antevinha nada de divertido para fazer. Rapidamente uma visitinha ao quarto partilhado com baratas para nos vestirmos há ocasião pois alguem havia posto musica árabe num radio-gravador. Num espétaculo decadente ao estilo de Parque Mayer dançámos e bebemos até não haver forças, ainda era cedo e porque não ir passar a noite ao deserto? O frio reinava novamente assim como o vento, não nos retendo naquela magnifica noite estralada por muito tempo. No regresso passámos no quarto dos nossos amigos espanhois, estavamos "bem contentes" e após uma degustação de licores o corpo pedia algo mais refrescante. A piscina estava memso ali á frente, os poucos hospedes do hotel dormiam, sim era isso mesmo, sem roupas, tal qual Adões e Evas entrámos na piscina com grande alarido e muito muito riso. O espetáculo decadente começava a chamar público e em menos de nada o bordo da piscina verde estava repelto de homens arabes com aquele sorriso de quem está a ver algo que não deve mas está a gostar imenso.
Como saímos de água? Não posso dizer, deixem ao critério da vossa imaginação.
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Odeio-te! :P Que viagem... Um dia tenho de fazer uma destas! Um espectáculo mesmo... *
ResponderEliminarOlá! Obrigado pela tua visita pelos "Retratos de Viagens"!
ResponderEliminarNão, tenho fotos do interior, não deixavam tirar fotos.
Visitei o teu blog…estive nos mesmos sítios que tu tiveste, então o oásis…..é um sonho, não é?
Hummm, Barcelona...que bom!
ResponderEliminarSim, dormi nas tendas que aparecem nas tuas fotos. Não esquecerei do céu a noite...irreal, como tu dizes um Oásis de Sonho.
Aqui ficam algumas fotos:
http://retratosdeviagens.blogspot.com/search/label/Tunisia
Adorei! O modo como você descreve o cenário é hilariante. Dá a sensação de que também estamos partilhando da mesma aventura. Gosto da sua literatura. É divertido e cultural.
ResponderEliminarGostaria de ter sido uma mosquinha para ver você sair da piscina :P Nao sei como vocês não foram atacados ("comidos") pelos árabes. Hum..Cinco pelados numa piscina verde cheia de mosquitos com a água cheirando a fossa de piscina! Ah Ah Ah. Amei :)
*digo: ...fossa de hotel! Ah Ah Ah. Amei :)
ResponderEliminarEstou ansiosa por ver as próximas "aventuras de L.C."
A vontade de ir ver o deserto e o marido não querer fez com que fosse andar de camelo, e resto ja sabem.
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