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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Graben, as Trincheiras de Viena


Estas coisas de viajar no pico do Inverno, tem as suas vantagens: alojamento mais barato, menos confusão e por ai em diante; mas também nos deixa enregelados até aos ossos nos dias curtos e carregados de neve dessa Europa Central. Este primeiro dia em Viena que havia começado bem de madrugada estava prestes a terminar, mais pelo cansaço do que propriamente pela falta de "atracções" a visitar ou simplesmente pelo anoitecer. As pastelarias em volta da Stephansdom tornaram-se um mote irresistível ao pecado da gula e depois de mais um doce nesse dia, a injecção de glucose no sangue foi a motivação para continuar a desvendar os segredos desta grande cidade. 
Uma vez no centro da cidade, facilmente chegamos a pé a quase todo o lado, isto se não se parar a cada 5 passos para apreciar e fotografar qualquer coisa e demorar uma hora a fazer uns 800 metros (confesso!). Mesmo ali nas redondezas da catedral estende-se a mais famosa e talvez a mais elegante rua de Viena, Graben, uma rua pedonal ladeada de elegantes e imponentes edifícios que foram surgindo ao longo dos séculos e embelezando cada vez mais a cidade. Graben na tradução do alemão significa trincheira, pois ao que parece onde hoje se localiza esta rua foi há muitos séculos atrás uma vala que após ser nivelada foi-se tornando o coração de Viena.  Rua de palacetes, bancos e elegantes lojas esta artéria é rasgada por um dos mais belos e estranhos monumentos da cidade: 

Pestsäule, Monumento à Peste
No centro da rua eleva-se no seu topo dourado de anjos e santos a coluna comemorativa do fim da peste. Viena como o resto da Europa foi visitada duas vezes pela Peste que matava gente aos milhares por este continente fora, em 1679 quando a coisa estava a ficar negra para estes lados, o Imperador Leopoldo I pegou nas suas tralhas e fugiu para bem longe, provavelmente não deve ter sido coisa que caísse nas boas graças dos vienenses e diz a história que o Imperador encomendou a construção de um monumento comemorativo ao fim da Peste, talvez até uma forma subtil de apagar a ira daqueles que ficaram sujeitos a morrer com uns bubões de pus, quem vai saber?!
De inicio haviam construído uma coluna de madeira, que aparentemente não satisfazia o imperador e após vários anos de obras  e projectos e diversos autores o  actual monumento foi inaugurado em 1693 sob autoria do Paul Strudel num dos expoentes máximos do estilo do Alto Barroco.
Uma pirâmide de nuvens que vai sustende anjos e santos, uma imagem do próprio imperador ajoelhado, uma bruxa a expulsar a peste que é coroada por um topo dourado e reluzente, é sem dúvida um dos monumentos mais espectaculares da cidade, de uma delicadeza que faz a pedra parecer realmente nuvem e nos deixa maravilhados com a arte e o engenho da espécie humana.
Perdidos no encanto desta escultura, o tempo passou a voar até ser relembrado por alguns flocos de neve que o dia caminhava para o seu fim e muito havia para ver, não muito longe só mesmo uns passos mais à frente.

Peterskirche

  
Numa rua perpendicular ao Graben, esconde-se esta imponente Igreja numa praça com o mesmo nome que eleva nos céus de Viena as suas cúpulas de Bronze. Aparentemente existia um qualquer edifício religiosos dos tempos do Império Romano mando erguer por Carlos Magno (ao qual é dedicada a escultura do pórtico) mas os primeiros registos de existir aí uma igreja são do século XII que desse edifício nada chegou aos dias de hoje após um incêndio em 1661 e decidirem uma radical reconstrução.
A igreja consagrada à Santíssima Trindade iniciou a sua construção em 1701, de estilo Barroco inspirada na Basílica de São Pedro no Vaticano, tendo sido inaugurada em 1733 (uns 22 anos antes de Lisboa tremer). Por ter sido construída numa zona com pouco espaço, optaram por uma arquitectura oval repleta de talha dourada que confere um espaço enorme quando nela entramos. Poucas são as palavras para descrever a riqueza desta igreja, que se mostra mais uma lição sobre a história e evolução da arquitectura e artes decorativas representado no púlpito e até nos bancos ricamente trabalhados. Infelizmente o altar que é aconselhado em toda a literatura de Viena encontrava-se tapado com um pano roxo, pois segundo a minha avó que é sabida nestas artes da religião, era semana santa.
Para aqueles que por estes lados passarem aconselho vivamente a entrada nesta igreja, que por sinal é gratuita e desfrutar de toda a sua beleza. 



Judenplatz


Mais ou menos sem destino definido acabei por encontrar esta sossegada praça, elegante por sinal, não fosse isso já a norma em Viena. Judenplatz, ou Praça Judaica foi noutras eras o centro da comunidade judaica, hoje tornou-se uma zona de memória ao sofrimento judeu causado pelo holocausto, imortalizado numa escultura de cimento em forma de cubo com nomes dos 65 mil judeus assassinados. A praça é muito bonita e aconselho uma visita mais pela sua elegância e a titulo pessoal começo a achar que este tipo de manifestações sobre o sofrimento judeu espalhados em todos os locais judaicos que visitei começa a tornar-se muito entediante, que me desculpem os judeus mas a vossa cultura tem muito mais para oferecer ao mundo do que os nomes dos judeus mortos, os sapatos dos judeus mortos e até atacadores (como vi em Praga), o que aconteceu certamente a humanidade não irá esquecer, está na hora de seguir em frente.


Am Hof


 Mesmo nas imediações da Praça Judaica abre-se a Praça Am Hof, a maior do centro histórico de Viena que deve o seu nome ao edifício do antigo tribunal de guerra. No seu centro ergue-se a Coluna de Maria manda construir pelo imperador Fernando III que se situa mesmo em frente da Am Hof Kirche local de interesse histórico, pois foi onde terá sido extinto em 1804 o Sacro Império da Nação Alemã. 


Com tanta cultura a pesar na alma e o corpo, o frio a enregelar os ossos já de si gelados, foi decisão unânime em voltar para o hotel, ainda com um resto de embalagem no corpo passamos por mais alguns locais bastante interessantes, mas que resta apenas o registo fotográfico e pouca informação, pelos lados da catedral as ruas fervilhavam de gente nas compras e nos cafés apesar da neve que fortemente caía, a ópera surgia iluminada no fundo da rua em todo o seu glamour e após uma passagem num supermercado regressamos ao hotel onde fizemos esparguete à bolonhesa numa cafeteira eléctrica que obviamente ficou estragada para todo o sempre.

                                                                                                                



1 COMENTÁRIOS :

  1. Viena é muito bonito e imponente.. Tive pouca sorte quando fui visitar porque era feriado e estava quase tudo fechado mas hei-de lá voltar...

    Qual vai ser a tua próxima?

    Beijinhos Paulinha

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