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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Castelo de Praga - Na outra Margem do Rio


O nosso terceiro dia em Praga tinha ficado reservado para conhecer o majestoso Castelo de Praga e a outra margem do rio Moldava que propositadamente tinha deixado para este dia.  Castelo situa-se no topo de uma colina num local com as melhores vistas da cidade, mas que infelizmente ficava ainda bem distante do nosso hotel, por isso decidimos ir até lá de metro. Apesar de o alfabeto checo não ser igual ao nosso não é difícil uma pessoa deslocar-se nos transportes da cidade, mas a dificuldade na língua foi uma grande dor de cabeça na hora de comprar o bilhete do metro, por mais que tentasse comunicar com o vendedor na entrada da boca do túnel foi impossível chegar a uma conclusão daí ficara decidido e entrámos no metro sem pagar, saímos num local amplo e arborizado mas o castelo ainda teimava em ficar bem lá no alto e apanhamos um metro de superfície e adivinhem como? Sem pagar! 

O Castelo de Praga

Entrada Principal do Castelo de Praga
Como em quase todas as cidades europeias, o seu nascimento e crescimento surgiu ao redor de um castelo, algumas perderam-nos ao longo dos séculos, outras mantem-nos intactos como em Lisboa, outra renovaram-nos aos gosto das épocas como em Praga. O enorme complexo do castelo que inclui um palácio, 3 igrejas um mosteiro e uma catedral domina o topo daquela colina desde o séc XIV e o aspecto com que hoje o conhecemos deve-se à sua reconstrução após um grande incêndio no séc XVI.

Esquema do interior do Castelo
Depois da nossa subida aos domínios deste castelo e de ter finalmente percebido que tem várias entradas e que a bilheteira se encontra num edifício do segundo pátio ficava na hora de explorar todos aqueles recantos. Bem no centro do castelo ergue-se o seu mais sumptuoso edifício, a catedral que já naquela hora da manhã tinha uma fila muito considerável e rapidamente foi deixada a visita ao seu interior para uma hora mais amena visto que começava a querer nevar. Infelizmente dada a nossa condição de falta de tempo nesta cidade que já estava a adorar a visita aos monumentos do castelo teve de ficar contida simplesmente aqueles que considerei mais interessantes, rapidamente me arrependi de não ter ficado mais um tempo e visitar tudo com maior pormenor, mas enfim, tem de ficar para depois. Não longe da catedral situa-se a entrada do Palácio Real que para nossa alegria não tinha fila, fomos buscar um áudio-guia e mergulhámos novamente na era medieval.

Segundo Pátio do Castelo de Praga
Palácio Real


Este enorme edifício que rodeia a catedral, foi durante séculos casa e centro do poder dos príncipes da Boémia. Por detrás da  sua fachada barroca escondem-se 3 edifícios sobrepostos e estilos arquitectónicos diferentes que vão desde o românico ao gótico. Das várias salas e dependências deste palácio praticamente despido, nenhuma iguala a elegância do Salão Vladislau, este enorme salão em estilo gótico construído em 1490 é a maior sal do palácio e o maior salão gótico da Europa e consta que funcionava no seu interior torneios, festas e coroações. Apesar da ausência de mobiliário a sala por si só é bastante bonita e nela perdemos algum tempo a apreciar as suas intrincadas nervuras do teto. 
Salão Vladislau
 No final do Salão Vladislau encontra-se uma varanda que tem uma vista interessante para o interior da Capela de Todos os Santos, mandada construir para Carlos IV sendo reconstruida em 1541 em estilo barroco. Continuei a deambular por aquele frio palácio e apreciar as suas salas e as histórias que ocorreram dentro daquelas paredes, passei por gabinetes de trabalho e biblioteca, algumas salas com enormes fogões em estilo holandês afim de aquecer as enormes salas daquele gélido local , através das suas janelas vamos tendo esplêndidas vistas da cidade lá em baixo. Outras magníficas salas são os ornamentados Arquivos da Terra Nova, salas que têm os seus tectos pintados com centenas de brasões dos  chanceleres ao longo de cerca de 200 anos, ouvi dizer que estes brasões eram pintados não pela importância das famílias mas sim pelo seu poder monetário e que a sua permanência nos tectos estava condicionada ao pagamento de uma propina!! 
A saída do Palácio Real não podia ser senão a mais elegante ao estilo gótico, pela longa Escadaria dos Cavaleiros em estilo gótico que liga ao Salão Vladislau e os seus degraus permitiam a subida dos cavalos para a realização de torneios.

Apesar de o Palácio Real ser um edifício grande e despido de mobiliário como em outros palácios ao longo da Europa considerei que foi uma visita muito interessante pelo trabalho em pedra dos seus salões e o conjunto de vários estilos ao longo dos séculos e recomendo muito a sua visita.

Basílica e Convento de S. Jorge


Apesar do passar do tempo, a fila para entrar na catedral ainda se mantinha longa, e com a chegada de vários grupos estava decididamente a aumentar em todos os monumentos. Bem perto da saída do Palácio Real encontra-se a Basílica e o Convento de S. Jorge, bem anteriores à construção da catedral e são o mais bem conservado templo românico de Praga. O seu interior austero típico dessa época contrasta com a fachada mais elaborada construída noutras épocas, o seu interior ainda com frescos visíveis é local de repouso de reis e mártires do catolicismo local. O convento que se situa mesmo ao lado da basílica alberga hoje a Galeria Nacional que visitamos em passo muito acelerado pois já a hora ia muito adiantada e aquele dia reservava ainda muita coisa por ver. Apesar de tudo foi uma visita interessante com maio destaque para o Convento e as suas obras. Link Galeria Nacional de Praga AQUI

Deste local em diante os enormes pátios decorados do castelo vão-se encolhendo e dando origem a ruelas bem mais estreitas, a becos mais escuros e a locais mais pitorescos e sem dar-mos conta vamos entrando numa outra dimensão e outro lado mais escuro da história do Castelo de Praga.

Travessa Dourada

 
Apesar de a sua entrada ser meio escondida num recanto, assinalada simplesmente com um porco alado e dourado de um restaurante, este magnifico beco é considerado a rua mais pitoresca de Praga. Tem este nome pois no século XVII os ourives mudaram-se para as minúsculas casas coloridas. E quando digo minúsculas são pequenas mesmo, tem uma que a sua fachada era mais baixa que a minha altura, ou seja minha cabeça era da altura do inicio do telhado!! Já no século XIX esta castiça rua fora renegada ao crime e à prostituição até que recentemente fora remodelada alojando hoje em dia lojas de vidros e recordações que apesar de uma pouco mais caras que no centro da cidade ganham pela originalidade. Mas nem só na calçada esta rua é interessante, subindo uma íngreme escada em caracol de madeira de uma das casas temos acesso ao sótão, que surpresa, é um enorme corredor que vai de uma ponta à outra da rua e que esconde no seu interior uma comprida exposição de armas e armaduras medievais, simplesmente brilhante!

Casa mais pequena
   
Exposição de armas medievais nos telhados das casas















Esta rua pitoresca é realmente mais um dos locais imperdiveis do castelo de Praga, tanto pela sua genuinidade, assim como pela surpresa maravilhosa da exposição nos telhados das casas. Contudo dizem que nos dias de grande afluência, em especial no Verão, a multidão é mais que muita sendo quase impossível transitar na ruela. No dia em que fui não havia simplesmente ninguém!

Torre Dalidor

No ponto mais distante do castelo esconde-se entre as ruelas de pedra o seu mais cruel segredo, claro que nenhum castelo o era se não tivesse as suas devidas masmorras com todos aqueles aparelhos cruéis de tortuta. A torre serviu durante vários séculos de prisão e deve o seu nome a Dalidor Kozojedy, um cavalheiro enclausurado e sentenciado à morte. Durante a sua clausura aprendeu a tocar violino, e as pessoas reuniam-se para poder ouvir os seus recitais e traziam-lhe comida e bebida que atiravam por uma janela. A torre apresenta cerca de 4 níveis e em cada qual expõe artefactos de tortura e o modo de vida (ou será morte?) dos seus prisioneiros. O nível subterrâneo só era acessível por uma estreito buraco e por corda que ainda hoje podemos ver. 

 












A visita das masmorras foi para mim um dos pontos mais altos do castelo, pelo simples facto de ser até ao momento o único castelo que visitei na Europa que consegue recriar tão bem toda a realidade e o imaginário da prisão e crueldade nos tempos medievais. Recomendo vivamente a visita a quem se interessa pela época e pelo tema, se é claustrofóbico é melhor não se aventurar. Bem perto da torre tem um mirador com algumas das melhores vistas sobre a cidade, um local bom para tirar fotos, descansar e apreciar a bela paisagem.

Catedral de S. Vito

Flechas gémeas ocidentais na entrada principal

 Milagrosamente a enorme fila que havia na porta da catedral havia desaparecido (fruto da hora do almoço) e estava então na hora de conhecer o mais famoso monumento do castelo de Praga. A enorme catedral de estilo gótico teve o seu inicio no ano de 1344. O seu intrincado trabalho em pedra, as suas torres e pórticos foram-se arrastando ao longo dos séculos tendo sido finalmente concluída já no século XX por artistas reconhecidos de então. Os seus quase 800 anos de construção em nada lhe roubaram o brilho ou protagonismo e hoje a catedral é um edifício magnifico que requer tempo para ser contemplado.   
Pórtico Dourado com magnifico mosaico veneziano do Juízo Final



 














 Já no seu interior o que ressalta à vista é o seu enorme comprimento e sua grande altura, iluminadas pelo luz que atravessa os vitrais de Alfons Mucha. Percorremos a catedral visitando as inúmeras capelas laterais à nave central, apreciando as grande sobras de arte que nela foram sendo colocadas ao longo dos séculos. Uma das obras mais magnificas é o túmulo de S. João Nepomuceno de 1736 lavrado em prata pura coberto por um dossel de veludo encarnado segurado por quatro anjos de prata. Já à saída ainda tivemos tempo de apreciar a capela de S. Venceslau coberta de frescos góticos e dourados intercalados com pedras preciosas e sem-preciosas.  Link Catedral




Túmulo S. João Nepomuceno
 




















 





















A tão tardia hora após o almoço a barriga teimava em dar sinal, os planos para o dia ainda contemplavam muita coisa para visitar, dei então por concluída (ainda que em parte parcial e prometendo um regresso) a visita ao Castelo de Praga considerando que foram muito bem empregues as coroas pagas pela entrada e aconselhando a visita a todos aqueles que vão até à cidade, pois a oferta cultural dentro do castelo é imensa e agrada à grande maioria dos gostos. A nossa despedida não podia ser da forma mais aparatosa possível, bem perto da saída da catedral um caixotão do lixo deitava muito fumo e cheirava a plástico queimado, no seu interior viam-se algumas chamas, como não encontrei nenhum extintor por perto fui ter com um segurança tentando explicar que o caixote do lixo estava a arder, óbvio que não percebeu nada daquilo que disse (coisa já habitual com os checos) mas a palavra FIRE foi o bastante para em menos do nada se reunir um batalhão de homens para apagar o incêndio "monstruoso" que lavrava dentro do caixote do lixo, moral da história: ou os checos aprendem outras línguas e se conseguem fazer entender com os turistas nos locais turísticos ou para a próxima ponham extintores no recinto que eu mesmo trato do assunto, ao menos participei no rescaldo do "grande incêndio do Castelo de Praga" (sim aquele do balde do lixo)!! Link Castelo de Praga          

2 COMENTÁRIOS :

  1. Ótimo post, bem completinho com as atrações da região do Castelo!
    Só indicaria também uma visita ao Museu do Brinquedo, que é bem interessante e com certeza nos faz regredir no tempo da infância! Vale a visita. ;-)

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  2. Oi Simone, obrigado pela visita e pelo comentário. Infelizmente não visitei o museu do brinquedo por falta de tempo daí não ter falado sobre tal.

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