Não me canso de dizer que viajar é dos poucos remédios que me acalma a curiosidade, na mesma proporção em que cada viagem alimenta ainda mais o seu ego a vontade de ver, conhecer, sentir é cada vez mais forte.
Umas vezes de maneira mais tímida, escondido atrás da enorme lente da máquina, outras não, é assim mesmo à descarada e sem pudores! Fora o que aconteceu logo no início daquela manhã...
Vageavamos na Van lá pelo conselho de São Lourenço dos Órgãos, agraciados pela paisagem deslumbrante da ilha de Santiago quando fazemos uma paragem para um café (apesar de ser cedo havia acordado às 5 da madrugada) assim como umas compras de artesanato local numa lojinha. Alguns quadros bem africanos que decoram a parede do escritório da casa nova e uma orgulhada garrafa de Grogue embalada numa garrafa de cerveja portuguesa!! (reciclagem meus amigos...).
Ali mesmo nas imediações de uma qualquer igreja juntava-se uma pequena multidão naquela hora. Missa não era pois as portas estavam trancadas, mulheres e crianças olhavam-nos com a mesma curiosidade por nossa parte. Debaixo de uma enorme árvore matava-se um porco nas mãos de uma mulher que manuseava aquele facalhão como ninguém, outras com tachos no lume de um fogão meio improvisado, outras ainda sentadas simplesmente olhando todo este cenário. Na minha cabeça saltou de imediato a hipótese de Festa... Ahhh como aquela gente africana adora festa e como eu gosto tanto delas assim como eles. Que festa? Casamento, Baptizado, Aniverario?? sabia lá, mas que haveria festa tinha eu certeza. Surge pela estrada um grupo de mulheres animadas, cantando; era a altura certa se havia festa elas estavam a ir para lá e portanto eu iria com elas!
Sem dar muito nas vistas (claro que não daria, 2 brancos seguindo um grupo de mulheres negras, ninguém dá por tal!) fomos seguindo-as a uma distância razoável, fingindo até estar só a explorar a zona, tirar umas fotos, pessoas nas portas de casa diziam adeus e nos uma foto com as mesma, e a procissão seguia pela povoação e começa a subir uma ligeira clareira com uma casa no topo. a minha companhia a que vou chamar M não queria continuar a demanda da busca da festa e disse-me para ir eu e que se valesse a pena voltar para buscar. Assim fiz, mas a meio da subida bem de frente para a porta da casa lá percebi o motivo da festa, um caixão em cima do que suponho ser uma mesa, e gente, muita gente por aquelas bandas. Sem mais coragem para prosseguir voltei para traz e M pergunta: "É festa? Não é funeral!!!"
Roídos de vergonha e ao mesmo tempo de vontade de rir de tamanha nossa estupidez lá nos apressamos de voltar à Van e prosseguir caminho.
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