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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Real Alcazar de Sevilha - Uma joia entre muralhas

Quase na sombra da gigantesca Catedral de Sevilha por detrás de antigas árvores e de seculares muralhas esconde-se, provavelmente, um dos locais mais surpreendentes da cidade. Muitos dos turistas que por ali passam descuram ou simplesmente desconhecem que ali mesmo fica a entrada do Real Alcazar de Sevilha!

Na realidade o que se esconde por detrás das antigas muralhas são os Reales Alcázares de Sevilla, um conjunto palaciano de diversas épocas e o seu majestoso jardim, hoje em dia o complexo ainda é utilizado pela família real espanhola e por esse motivo considerado um dos palácios em uso mais antigos da Europa. Apesar de tanta fama não encontramos nenhuma realeza por aquelas bandas a não ser uns quantos turistas como nós completamente pasmados com o local, que foi classificado pela UNESCO em 1987.

Entrada para o complexo na Praça da Catedral

A história do local confunde-se com a da própria cidade e ao longo dos séculos os vários monarcas que por lá passaram foram acrescentando a sua marca até ao que se conhece hoje em dia. Foi por volta do séc X que o conjunto começou a ser construído onde outrora houve um assentamento romano e posteriormente uma fortificação moura. Parte do complexo é da mesma altura do fabuloso Alhambra em Granada, o que nos leva em determinados momentos a fazer comparações mesmo que inocentes.

Com tantas culturas e gente nobre que viveu atrás daquelas paredes só chegou aos nossos dias de forma intacta o Pátio de Gesso da época mudejar. Foi após a conquista cristã que o complexo viu as suas maiores alterações e foi pelas mãos de Pedro I que se criou um dos mais belos conjuntos de arquitectura mudejar em Espanha. Como o Mundo é pequeno o Alcazar de Sevilha tem pedaços da sua história que tocam com a de Portugal, foi nele que Carlos I casou com Isabel de Portugal e o devastador terramoto de Lisboa de 1755 deixou marcas profundas no palácio levando à sua reconstrução.

Bem depois da entrada pelos seus portões e de passarmos por alguns jardins é que começamos a ter a real noção da imponência de todo aquele conjunto palaciano. São vários os salões que num labirinto se vão desvendando, quase todos desprovidos de qualquer mobília mas quando os olhos se fixam nos seus intrincados estuques e na beleza dos seus azulejos são um deleite para os sentidos!

Todo a obra que se espalha pelos seus salões é simplesmente fenomenal, muitas vezes demos por nós a voltar para traz e rever novamente aquele trabalhado e a fotografar os seus milhares de pormenores e com tanta sala é para lá de difícil escolher a que mais se gosta. Quando pensamos que mais nenhuma sala nos pode surpreender aparecem os seus refrescantes pátios, verdes com as suas típicas fontes dão uma alma especial ao local mas nenhum se assemelha à exuberância do Pátio das Donzelas.


O pátio é provavelmente o coração de todo o complexo e todos os caminhos vão parar até lá e acreditem que vão ser inúmeras as vezes que vamos dar connosco a apreciar o complexo trabalho das suas colunas e sentir toda a envolvencia daquele lugar, considerado o expoente máximo da arquitectura mudejar. Acreditem que o espaço é para lá de lindo e faz-nos viajar no tempo e nas culturas e acreditar que estamos dentro de uma história das mil e uma noites rodeados de odaliscas, riquezas e aromas de outras terras!

É em torno deste magnífico pátio que se encontram as mais belas e importantes salas do palácio tais como as Salas Reais e a Alcova. Contudo nada nos vai preparar para a mais bonita sala, sim, depois de tantas divisões parece impossível que mais alguma nos possa vir a surpreender e tirar o nosso fôlego, mas essa honra fica a cargo da Sala dos Embaixadores. Era neste salão que se realizavam as cerimónias oficiais da corte e as grandes recepções nesta sala de esplêndidos azulejos e um trabalho fantástico de estuque nas suas paredes, mas é a sua enorme cúpula de intrincados arabescos dourados que paira sobre as nossas cabeças que nos chega a tirar a respiração!

Com a alma completamente preenchida por tão belo espaço, lá nos fizemos ao caminho e continuamos a nossa visita àquele local que já tínhamos apelidado como o momento alto da viagem! Foram muitas mais salas e salões com todo o tipo de decoração de várias épocas, dignas de serem fotografados mas que não me atrevo a colocar aqui pois temo que haja servidor que aguente tanta fotografia. Já no final da visita ao interior do palácio passamos pela capela palatina e pelos salões góticos com espectaculares tapetes flamencos onde num dos quais figuram as armas de Portugal, por mais que tentasse não consegui saber a sua origem, ficando o mistério por revelar.

Para lá das salas e pátios internos abrem-se os imensos e refrescantes jardins do Alcazar. No calor implacável da cidade este enorme jardim é um verdadeiro oásis para descansar e retemperar forças. São vários os recantos que se escondem pelos terraços, avenidas de palmeiras que rodeiam pavilhões e fontes simplesmente maravilhosas.

Provavelmente um dos lugares mais bonito dos jardins é a enorme e cénica Fonte de Mercúrio com um tanque onde passeiam peixes que a dar pelo tamanho devem ter a mesma idade do fundador do palácio. Foi um deleite deambular por todos os cantos do jardim e explorar todos os segredos do lugar e não fossem os planos para o resto da viagem seguramente ficaria-mos por ali o resto do dia.

Para aqueles como nós que não querem deixar passar em branco todos os pormenores preparem as pernas e um bom calçado para palmilhar as alamedas daquele imenso jardim e acreditem quem quando menos esperamos acaba-se por encontrar esconderijos completamente surpreendentes como foi o caso da cisterna, um lugar fresco e sossegado digno de contemplação.

Logo logo a visita deu-se por acabada, mas ficou a sensação que foi um daqueles locais que jamais se esquece e que valeu completamente a pena conhecer. Para aqueles que querem conhecer a cidade se Sevilha creio que jamais podem deixar escapar esta visita completamente surpreendente e para aqueles que já conhecem é sempre bom revisitar.

Informações úteis:

  • O Real Alcazar de Sevilha encontra-se mesmo em frente da entrada da Catedral de Sevilha e o seu acesso é feito pela Porta do Leão.
  • O horário de funcionamento é das 09:30 às 17:00 que se alarga até às 19h no Verão.
  • O ingresso de entrada custa 9,50€ mas é sempre bom verificar sobre os descontos. Nós utilizamos o nosso amigo Sevilha Card o que ainda nos poupou tempo na fila.
  • O complexo é grande e pede uma visita de cerca de 2 horas pelo menos, por isso reservem esse tempo para poderem apreciar com calma.
  • Mais informações sobre o Real Alcazar de Sevilha clique AQUI   

3 COMENTÁRIOS :

  1. Estive há uns anos em Sevilha, numa breve passagem, onde ficou muito por visitar. Desconhecia por completo a existência deste Alcazar, que recorda Alhambra. Irei ter em atenção este artigo num próximo regresso.

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    1. Documentar o Mundo Obrigado pela visita, e quando regressarem a Sevilha visitem este local que espero que gostem tanto quanto eu.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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