Decididos a não gastar o parco dinheiro no London Eye e sem grandes demoras lá estávamos sentadinhos novamente no nosso melhor amigo britânico. O frio glaciar não me detinha em ir na parte descapotável do Bus, mesmo quando a tosse já tomava proporções alarmantes e a necessidade de um médico quase urgente. O transito londrino pareceu-me sempre muito menos intenso que o lisboeta, entravamos agora numa área mais medieval da cidade, ruas estreitas ladeadas de edifícios góticos, dizia o senhor dos auriculares que era a zona financeira da cidade desde tempo incontáveis, que fora por ali que Jack (o estripador) andara a tirar tripas e outros acessórios anatómicos das suas donzelas, dizia também que a zona havia sido bastante fustigada durante a peste e o grande incêndio (mas afinal quem é dado a estas coisas de tragédia não são os portugueses?!)
Enquanto pelos auriculares se ouvia as histórias de todas estas tragédias britânicas, demo-nos de fronte da imponente e enorme Catedral de São Paulo, milagrosamente encaixada no emaranhado de ruas que supostamente não deveriam de existir lá pelos séculos XVI e XVII quando esta catedral fora construída. O seu enorme tamanho tenta rivalizar com Roma e após os bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial esta enorme catedral vê-se actualmente envolta em ruas mais ou menos estreitas e rodeada de arranha-céus que nem todos devem muito à beleza. O interior merece sempre a pena uma visita, mas quando o dinheiro é parco (e em Londres é coisa que desaparece facilmente) uma voltinha pelo exterior também tem o seu encanto.Mais tarde, quando já estava em Portugal vi um programa no Odisseia sobre esta construção e para meu espanto, os espertos dos arquitectos construíram uma fachada exterior de maneira a esconder aquilo que na altura a engenharia não conseguiu solucionar. Espertos!!
Perto dali ficava a magnifica Tower Bridge, uma obra de engenharia avançada para o seu tempo e cuja a ponte ainda funcionou até há bem poucos anos com toda a sua maquinaria original. Um passeio pelo seu tabuleiro e pelos arredores proporciona umas vistas deslumbrantes (não fosse o navio de guerra atracado mesmo à sua frente que enfim, está tão bem estacionado como o London Eye) ainda é possível subir às suas torres e avistar o percurso do Tamisa que serpenteia aquela cidade. Depois de passar entre as margens uma série de vezes ali mesmo ao lado estava o complexo fortificado da Torre de Londres, cenário das histórias mais sangrentas da cidade, local onde Henrique VIII fez rolar algumas cabeças e onde os traidores passavam pela famosa porta (na realidade um monte de tábuas) para os cadafalsos daquele complexo. A discussão quase acesa sobre a decisão de visitar ou não a Torre estabeleceu-se ali mesmo na sua entrada, quase um torneio medieval.
Aceite o cartão de estudante caducado e o belo desconto que proporciona, o complexo revela-se uma boa e interessante surpresa, com inúmeras casinhas e torreões para ver, explicações detalhadas das técnicas e armas de guerra das quais podemos experimentar e algumas até vestir. O seu interior revelara-se maior do que aquilo que supunha, abrindo-se uma cidade medieval bastante bem conservada dentro das suas muralhas. Dizia um senhor com um fato muito típico que aquele lugar era o lar de um bando de corvos há várias gerações e no dia em que eles se fossem embora que o império britânico se desfazia. Ora pois bem que podem estar descansados pois os ditos passaras estavam mesmo dentro das suas gaiolas, e dificilmente podem bater a asa (literalmente)!
O passeio pelas muralhas é muito interessante, entra-se em diversas divisões das antigas dependências da Torres de Londres, umas mobiladas, outras com instrumentos de tortura ou simplesmente na latrina.
O ponto máximo da visita à Torre é atingido com o edifício que guarda as jóias das coroa. Da sua entrada ladeada por guardas tem-se a sensação que estamos a entrar no cofre de um banco, a fila adensa-se lá para os seus interiores enquanto somos bombardeados com o filme da coroação da actual rainha e uma ou outra peça de ourivesaria em exposição. A sala das peças propriamente ditas é uma sala pequena com um expositor ao centro com as ditas jóias (coroas, ceptros etc etc) mas que para meu desgosto têm de ser observados por uma passadeira rolante e em 2 ou 3 minutos somos brindados com a saída e sem possibilidade de retorno. Para meu espanto e minha ignorância as coroas que foram utilizadas durante séculos eram desmontadas para as mesmas pedras serem incrustadas nas novas. E eu que pensei que aquela daqueles tempos não era dada a estas coisas da reciclagem?!
Mais umas voltas pelo complexo para nos certificarmos que tudo tinha ficado visto, as vistas sobre o Tamisa e a Tower Bridge são espetaculares e o complexo da Torre vale seriamente a pena uma visita. A hora do fecho chegara e o anoitecer também, o nosso bus esperava para nos levar novamente para o conforto e o calor do nosso hotel, mas sem antes um passeio novamente pelo parlamento e o Big Ben.
Já no hotel depois de um dia cheio de cultura e de cansaço deparámo-nos com uma surpresa: afinal o bilhete da Torre de Londres também serve de entrada para a Tower Bridge. É o que dá não ler as coisas com atenção.
Sem mais fôlego para novos passeios a noite ficou-se pelo quarto de hotel, um jantar de chamuças indianas e massas pré-feitas e chá de menta.
http://www.stpauls.co.uk
http://www.stpauls.co.uk
http://www.towerbridge.org.uk/TBE/EN/
http://www.toweroflondontour.com/
Sem sombra de dúvidas, ou você é um fotógrafo profissional ou um jornalista documentarista disfarçado que usa os tempos vagos para cuidar do próximo.
ResponderEliminarVou investigar.
Você tem muito talento, espero que nunca o percas.
Adorei o post.
ResponderEliminarCompletissimo...
Aproveitei para tornar-me seguidor.
abs