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sábado, 27 de fevereiro de 2010

As múmias do Tamisa


Amanhecera nublado o último dia por terras britânicas. O corpo ainda indeciso entre o cansaço e o hábito das longas caminhadas à qual havia sido exposto. As malas arrumadas e colocadas numa sala no hotel, disponibilizavam-nos uma série de horas livres para poder apreciar os últimos encantos da cidade. Com o bilhete do autocarro já caducado e a enganar sucessivamente o os motoristas sobre a validade do mesmo decidimos percorrer os últimos percursos das rotas oferecidas, quase a titulo de despedida da cidade.
Perto da Torre de Londres encontrava-se ancorado um barquinho que faria a travessia guiada do Tamisa, gratuita para os detentores do bilhete turístico (mesmo válido após a sua comprovada caducidade). A bordo do barco, os turistas como nós refugiados sobe o quente da coberta lançaram os olhares reprovadores daqueles que como eu se decidiram levar na zona descoberta, mesmo quando a pneumonia já tomava dimensões de um possível internamento. 
Enquanto o barco não se decidia partir, emoldurado pela Tower Bridge dediquei-me a observar o que os londrinos fazem nos seus momentos de ócio à beira rio. Na ausência de mar e de um tempo agradável para uns banhos de sol, dei por mim a olhar para um bando de pessoas a apanhar "frutos do mar" no meio daquelas rochas enlameadas e águas turvas. A buzina do navio dava sinais de vida e lentamente deixamos a margem com destino às casas do parlamento. Um senhor fala pelo micro no seu melhor british umas tantas vezes incompreensível para ouvidos destreinados àquele sotaque mesmo fechado.
O passeio decorreu lentamente nos seus 45 minutos, emparelhado pelos edifícios que polvilham a margem do rio, uns antigos e bem preservados outros modernos e de gosto mais ou menos duvidoso. Pelo caminho passamos pelo Tate Modern que infelizmente nos passou ao lado a sua existência naquela cidade. 
Apesar do passeio ser agradável duvido que pagaria por ele; mais tarde falaram-me dum passeio de barco muito idêntico que passa por Greenwich, mas como a cavalo dado não se olha ao dente demos por muito bem empregue aquele tempo e a outra perspectiva que o passeio nos deu da cidade.
Desembarcamos ali mesmo junto ao parlamento cerca das 10.30 da manhã, tempo suficiente para enganar mais um motorista do Bus e ir até Buckingham Palace para o render da guarda, desta feita com certeza que se realizaria. O primeiro Bus apareceu mas o raio do motorista não caiu no embuste fez-nos saltar dali para fora, ao segundo a mesma resposta e o ânimo de a trapaça ser uma grande descoberta Tuga já tinha desaparecido. Não havendo 2 sem 3, tentou-se mais um bus e pimba nem olhou na data fora do prazo bem escrita no bilhete, e todos contentes lá nos deixamos guiar até ao palácio, já com a gravação do guia toda decoradinha.
Saídos na paragem correspondente ao Palácio fomos envolvidos por uma multidão de turistas que já havia marcado espaço para ver o espectáculo. Toda aquela praça fervilhava de cabeças e de objectivas de máquinas fotográficas enquanto uns policias a cavalo tentavam conte-las dentro do perímetro estabelecido. a muito custo e repreensões lá nos apeamos num local mesmo à berma da estrada com vista desimpedida. Nada melhor para aquele dia chegar tarde e arranjar melhor lugar e andar com bilhetes de transportes caducados! 
O burburinho acalmava como em sinal de que o render da guarda havia começado e apesar de nada ver deixei a maquina pronta a disparar para a ocasião. Mais uma vez constatei para mim mesmo que das boas publicidades nem sempre se encaixam nas minhas perspectivas dos locais em que visito. O dito render da guarda não consiste mais do que uma série de soldados com os seus elegantes uniformes a descerem o The Mall seguidos por uma banda, entram no palácio tocam umas quantas musicas e os guardas do turno anterior saem pela outra porta e seguem o percurso. Não fosse os uniformes e pouco mais, o dito render da guarda não difere muito da fanfarras dos bombeiros ou da GNR que se fazem e dias de festa e feriados nacionais. Pura e simplesmente é um chamariz com muito pouco interesse sobre a cultura e os modos de vida daquele povo (pois renderes da guarda idênticos existem em quase todos os países) e que vem de acordo com a ideia que fui concebendo na minha cabeça de que os grandes atractivos turísticos de Londres na realidade não apresentam o interesse que apregoam alem das lendas e uma série de histórias que a eles se foi associando e que por si sós não teriam o mesmo brilho. Contudo é só uma opinião!
Um pouco desiludido de quem esperava mais de algo tão falado, decidimos dar o derradeiro golpe de mestre no cartão caducado e fazer o último tour antes da partida.  Bus chegara, o bilhete fora aceite e fomos colocados à porta do Museu Britânico. O colossal museu esconde nos seus interiores uma vasta colecção de cultura de praticamente o mundo inteiro, e só nos restava 1h30 para visitar tanto! Dava-se inicio à meia maratona de museu, indiferente aos olhares e em passo mais que apressado dediquei-me à enorme tarefe de  visitar o maior numero de salas possível (mesmo sabendo à partida que não chegaria ao fim). A colecção apresentada é realmente magnifica e não pude ficar indiferente à secção respeitante ao Egipto e as milhares de peças expostas. As salas das múmias e dos ritos funerários são mesmo espectaculares tendo recuperado o fôlego e algumas fotografias entre aquelas vitrinas.
 O relógio marcava a hora de regresso e quase em correria desenfreada fiz o percurso contrário, parei na loja das recordações para trazer um DVD sobre o museu e me arrepender daquilo que não vi. Já na saída dei com a minha companhia às compras apressadas numa loja de recuerdos e sem mais temer enquanto ela foi pagar eu dediquei-me a roubar uma série deles para a minha colecção de recuerdos gamados já com 10 anos de existência.
Foi o tempo de ir a pé até ao hotel para buscar as malas e depois submergir nas linhas daquele metropolitano assustador numa hora e meia até ao aeroporto. Ainda houve tempo para um último registo da inter-culturalidade de que Londres vive e se orgulha num existência quase pacifica.
O avião pousou na saudosa e maravilhosa cidade de Lisboa bem perto da meia noite, de alma mais cheia e corpo cansado guiei o carro até casa onde finalmente pude curtir os meus 3 dias de febre que a tanto custo andei a evitar e esperar pelo amanhecer por um senhor doutor qualquer milagroso.

Links Úteis:
http://www.britishmuseum.org/ 

2 COMENTÁRIOS :

  1. Dá para ver que foram 3 dias que renderam bem!!! ;) ehehhe

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  2. Lugares lindíssimos. Isso é que é aproveitar a vida!

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