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terça-feira, 2 de março de 2010

Muralhas do Marvão

É certo e sabido que não há melhor remédio para fugir do marasmo da vida quotidiana do que pegar numa mochila e partir, umas vezes sem rumo outras com algo predestinado, mas independentemente o resultado é sempre uma recarga das baterias para aguentar os próximos tempos, quando estes já se avizinham conturbados. A coisa toma outro encanto quando se pode mobilizar os amigos e gastar pouco dinheiro e desta feita, improvisa-se uma pausa de 3 dias a meio da semana e parte-se lá para os lados de Portalegre com estadia em Castelo de Vide. A viagem de 2 horas sempre brindada a chuva ante-vinha uns dias de refugio em casa em vez de explorar o potencial daquelas terras, temporal esse que se manteve neste quase um mês que se seguiu.
O ar frio e seco do campo invade imediatamente todos os alvéolos pulmonares logo ao primeiro contacto e a noite passou em amena cavaqueira no conforto de um termo-ventilador, até ao raiar do sol por detrás da magnifica vista do castelo de Castelo de Vide.
Marvão dista curta distancia de Castelo de Vide e logo após o almoço dirigi-mo-nos ao castelo por aquelas estradas onde o transito rareia e o silencio se torna senhor. Já havia passado por aquelas zonas sensivelmente há 3 anos, no inicio do pico do Verão onde o calor abrasador que rondava os 40ºC dificultara o acesso ao castelo, castelo esse que após muita transpiração fora conquistado na subida, nos brindou com um enxame de insectos que parecia uma nuvem negra no céu e deixavam picadas bastante dolorosas. que nos obrigaram a fugir. Ficara desse dia a recordação de um magnifico almoço junto ao rio em Fronteira mesmo ali no sopé da serra.  Desta vez com o calor a distar uns bons meses e na esperança de não ser recebido novamente por tão caridosos insectos iniciamos a subida daquele emaranhado de ruas.
O castelo encima-se no alto da Serra de São Mamede mesmo ali a fronteira com Espanha que a coroa vai para quase bem perto de um milénio, nos tempos em que os Mouros andavam a paulada com os Cristãos e a Península Ibérica não passada de um campo de batalha a grande escala. Lá pelo século XII o nosso primeiro rei conseguiu conquista-lo e fez parte do sistema defensivo português.
É impossível fugir à história que estas muralhas foram vivendo durante o passar dos séculos e quando se entra neste enorme complexo tem-se a sensação de que esse tempo das guerras faz parte de uma história recente e a passagem do tempo se rege por outro relógio diferente daquele que conhecemos.
As ruas vão serpenteando dentro das muralhas, como se desenhassem um labirinto com inúmeras saídas onde nos podemos perder a andar a pé. Àquela hora não se via vivalma em lado algum, as ruas desertas sem carros, sem pessoas, as portas todas fechadas os cafés e o posto de turismo com ar de que não abrem há longa data davam um certo ar de mistério e ao mesmo tempo de desalento aquele lugar, que mais parecia fantasma e abandonado ao tempo não fosse destoar uma loja de artesanato solitariamente aberta para os turistas que nunca chegaram a aparecer. Por entre as suas ruas abrem-se uns pequenos jardins com vista magnificas onde facilmente nos deixamos perder. Continuando a subir vamos sendo envolvidos por muralhas dentro de muralhas cada vez um espaços mais pequenos e de repente encontra-mo-nos bem no coração do castelo. 
De entre as muralhas abre-se uma porta com umas escadas no sentido da escuridão, uma tabuleta indica para acender a luz e vislumbrar a Cisterna, um espaço enorme sob umas arcadas húmidas coberto de água onde se diz que atiravam os prisioneiros das batalhas sem qualquer dó nem piedade. 
O frio penetrava nos ossos mas não impedira de um passeio ao redor das muralhas, de explorar os cantos e recantos do castelo e nos perdermos até ao fim do dia.
Anoitecia e descemos a serra com destino a casa, lá do alto acendiam-se as luzes e iluminara-se como uma serpente encaixada nos rochedos. De alma um pouco mais preenchida se regressava a casa com energia para aguentar mais um mês até à próxima partida, ficando a promessa de um dia regressar. 

   
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4 COMENTÁRIOS :

  1. Olá!

    Obrigada pela visita no Viaggio Mondo! Seu blog também é bastante interessante, adorei conhecer mais sobre Marvão!

    Vc vai amar a República Tcheca!! Se já não está dormindo agora, depois muito menos! Aquilo fica na sua cabeça para sempre! rs

    Abs

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  2. Rapaz continua com este blog, está fantástico.. Onde fica o botão Adoro.. lol.. O comentário ficou aqui em Marvão porque é uma vila que eu pessoalmente adoro onde se consegue ver os pássaros pelas costas, Portugal e Espanha do alto da torre do castelo..Um abraço Tiago Rolim..

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  3. Isto é Muito bom.. Parabens pelo blog!
    Ass. Victor Sousa

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  4. Boas...

    Parece q Marvão passou por uma grande fase de remodelação. Por aqui dá para ver as diferenças.
    Parabens pelo blog, é mt do estilo que eu gosto =)

    cumps
    Mileu

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