Com forças retemperadas pelo intenso azul do mar do Tarrafal e a barriga cheia com uma Cachupa daquelas à moda antiga, estava na hora de nos fazermos de novo à estrada e nos perdermos pelaos caminhos de Santiago. Como não seria de esperar a ilha foi-nos facultando paisagens de que nunca mais a mente esquecerá, fomos embalados pelas estradas de pedra ora entre o mar ou entre as serras verdejantes.
A calma e a paz que se vive por aquelas paragens são tão contagiantes quanto os seus ritmos musicais e é difícil não ficar apaixonado por todo aquele clima que nos envolve.
Pelo caminho vimos praias com areias de todas as coras, mares calmos e revoltos, baías cujo azul das suas águas pedia um mergulho a cada mirada pelo asfalto já meio esburacado. Quem tenta descrever tais paisagens deve ser louco, pois as mesmas são para sentir e desfrutar e ocupar um lugar especial no coração de quem ousou descobri-las além dos resorts de agencia.
Por aqui e ali vêm-se muitas crianças, algumas a acartarem garrafões de água pelas ribeiras verdejantes nos sopés dos montes, em vez de estarem sentadas em algum banco de escola a aprender a complicada e antiga lingua que deveriam saber falar! Mas estas crianças são a vida dos países e é nos seus rostos sorridentes e acenos ao vidro do nosso carro que se pode sonhar ainda com um futuro mais iluminado para as próximas gerações. São as mesmas crianças que correm atrás do carro à espera das guloseimas que os muito raros turistas lhes atiram pela janela, enquanto os mesmos ficam a vê-las gladiar-se no conforto do ar condicionado. Existem também as mais tímidas que de olhos baixos e muito envergonhados nos vêm pedir um rebuçado se faz favor, não sei se mais envergonhadas pelo pedido do que por exporem a sua situação ali tão a cru! São essas que dá vontade de sair para a rua e protestar contra as medidas que este Mundo leva e se esquece dos seus filhos mais frágeis...
Continuamos pela estrada, com o coração meio partido por deixar para trás tais rostos. A paisagem continua magnifica e ninguém sucumbe ao sono de quem acordou as 4 da manhã para esta visita relâmpago.
Uma paragem no meio de uma qualquer estrada onde estava plantada uma tabanca que vendia produtos daquela fértil terra. A minha vista saltou logo para os mamões que eu adoro acima de qualquer fruta e não podia deixar de ser comprou-se um como o efémero souvenir daquela viagem. Mas a surpresa estava escondida nas amarelas bananas. A vendedora que nem português sabia falar insistia em que comprasse um cacho e acabei por comprar e qual não foi o nosso espanto as bananas sabiam a maçã! Sim isso mesmo eram bananas maçã que foram devoradas ali na sua frente e atacados pelo pecado da gula comprou-se mais um cacho não fosse dar a fome no caminho!
A estrada continua, mais terras e terriolas apareciam e desapareciam pelos caminhos, era hora de chegar à capital e fazer as respectivas despedidas
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