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terça-feira, 28 de abril de 2009

Um Chá no Deserto .... O FILME






Na sequência de tão louca chegada ao desejado Deserto do Sahara não podia deixar de publicar o testemunho in vivo de tão apoteótica chegada. Prestem bem atenção no que diz tão digna interprete portuguesa da nossa lingua no Magreb na sua tentativa de apanhar o bicho, numa só palavra hilariante. Muito obrigado a todos o pelos comentáriose não deixem de comentar sempre que por cá passarem.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um Chá no Deserto (entre o El Jem e o Fim do Mundo)










O primeiro dia da nossa longa jornada, começou brindado por repreenções do nosso gigantesco atraso de 15 minutos. Nem tempo para apresentações houve, foi chegar enfiar as mochilas no tejadilho do Jeep e pôr-nos ao caminho. Só com os animos menos carregados começamos a descortinar que aquela mulher toda tapada dos pés à cabeça, de luvas brancas e um véu seria a nossa intérprete, e que além do Crew Habibi os 2 Jeeps estavam já com outros ocupantes, Espanhois ??!!!
O grupo ficou dividido pela metade e durante umas 2 horas ninguem abriu boca dentro daquela viatura, meti os auriculares do MP3 nos ouvidos e fiquei a apreciar a paisagem que entrava pela janela com um cortinado vermelho escuro. Afinal isto não é muito diferente do Alentejo, pensei para mim mesmo, planicie sem fim pontilhada por algumas oliveiras e umas casinhas toscas que aos poucos se começaram a adensar. Disseram-nos então que estavamos em El Jem, um povoado no interior da Tunisia que em tempos muito longicuos era a Roma Africana, e que para além das ruinas do Coliseu (praticamente intacto) pouco mais haveria para ver. O Jeep parou sob a sombra daquela imponente construção, enorme, distinta quase aterradora, diziam os aldeões que aquele Coliseu era o segundo maior do mundo e melhor preservado que o romano (faltam 4 meses para tirar a limpo as verdades). Era impressionante, toda aquela majestosidade num só edificio com quase 3 mil anos, impossivel de conceber, ainda se encontrava quase intacto, o chão da arena todo preservado, as bancadas cheias de turistas sentados possivelmente à espera que os duelos tivessem inicio, não com feras como na antiguidade mas possivelmente de disparos de maquinas fotograficas (e se o jogo foi esse, certamente ganhei).
Partimos mais animados e decidimos fazer as primeiras compras, água, e descobrir a arte do regateio e de comprar mesmo aquilo que não queremos. Drigia-mo-nos para sul, ao encontro do tão ansiado Sahara, mas por ora iríamos parar nalguns pontos estratégicos "paradas técnicas", o que não tardou a acontecer numa cidade mais a sul, o nome varreu-se-me da memória mas a imagem de uma cultura diferente ia-se começando a montar, as cores dos mercados de especiarias com aquelas piramides de pó de todas as cores por milhares de barraquinhas começava a confirmar que sim, estava nas arábias!
O sol ia subindo nos céus e a temperatura nos Jeeps iam no seu expoente máximo, 7 pessoas em cada um, 14 no total rumo ao deserto ainda desconhecido e aterrador para todos como no primeiro dia em que soube, que era o maior deserto do mundo e vi as fotos num Atlas lá de casa. Parámos novamente no meio da estrada, íamos visitar as cavernas do povo Troglodita que eram escavadas na rocha para os protejer tanto dos rigores daquele clima como dos ataques inimigos. Entrou-se por um série de corredores que desenbocam num pátio central ao ar livre, uma senhora estava sentada num banco de barro enquanto lhe descobriamos os cantos à casa e teimámos em tirar uma foto com ela (como da para ver ficou magnifica). Fomos embora deixando algun dinares à senhora e sem antes dar umas festas ao camelo que tinha á porta, era hora do ALMOÇO. Entrou-se novamente numas cavernas para chegar a uma sala de refeições, serviram uns pasteis até que chegou o famoso COUS-COUS. A fome era negra e marchou tudo numa alegria mesmo a pesar do picante intenso. Rematados com um chá de menta e pinhões uns fadinhos à mistura e a falar com os espanhois como se de amigos de há muitos anos se tratasse, chegoua hora de ir pá cela e continuar a tour. Afinal não era assim tao mal, ainda tinham alcatrão.
Horas interminaveis sentados, dormiu-se com direito a roncos, dissemos disparates tipicos de quem está impaciente e nunca o caminho tinha fim. As casas iam rareando ate que desapareceram, as estradas ladeadas por calhaus não regalavam a vista nem dissipavam o cansaço. A interprete de nome Sophie discutia horas a fio com o motorista sem que ninguem entendesse uma palavrinha de árabe, foi então que parámos num planalto com uma vista soberba para um pequeno "pueblo" lá em baixo, a última imagem da palavra civilização que ficou nas nossas mentes. Daí em diante começava a aventura, o alcatrão acabava dando direito a uma estradinha de terra batida empoierada, coroada com distintas crateras, alguém atreveu-se a fazer a pergunta evitada: Quanto falta?, e a resposta temida saiu num espanhol perfeito, muito, umas 8 horas!!!
Horas interminaveis com paisagem monotona de montes de pedra, a cassete de musica arabe ja tinha rodado cerca de 10 vezes, já sabiamos as letras de cor. Nova parada técnica, desta feita para ver as Ghorfas, uns celeiros quase pré-históricos no meio de nenhures que haviam servido como cenário para A Guerra das Estrelas. Ainda hoje me pergunto como foi possivel montar um estudio de cinema ali, e quão mal haviam passado todos os figurrinos do filme dentro daqueles fatos debaixo de um calor de certamente passaria dos 40 graus.
- A próxima paragem é onde passaremos a noite! Disse a Sophie com a sensatez de querer animar um grupo menos energico que uma excursão de reformados. Saltamos pó Jeep, ouvimos novamente as mesmas cassetes e mais horas, horas, horas de caminho, agora nem estradinha existia, era o NADA. Soubemos então que já estavamos no deserto, o de pedra efectivamente, pois o de areia onde tanto ansiava chegar ainda era um pouco longe. O Sol começou a pôr-se, numa imagem tão intensa como reconfortante, que fotografia alguma conseguira reproduzir e o caminho continuava, sem marcas, sem estradas ou sinalização, íamos aos caprichos de quem nos conduzia.
Escureceu, num bréu quase aterrador e ao fim de 2 horas o Jeep parou. A Sophie e 2 espanholas sairam e dizendo que iriam acampar ali e o nosso acampamento era cerca de uma hora de distancia, no dia seguinte iriamos nos encontrar para seguir esta louca tour.
Finalmente livres e completamente loucos para desatinar, musica aos berros, todos os farois do Jeep acesos, ninguem a conduzir deixando o veiculo decidir o caminho que tomar. Paramos o motorista saiu a correr e voltou com 1 pano preto e largou aquilo em cima de nós. Que cena é esta?! Olha é um ouriço gigante e esta M*** pica. largamos o bixo dentro do Jeep saltamos para cima dos bancos para nao picar as pernas, alguem gritava que o animal já estava no motor ou nos pedais, e nesta balburdia dentro do Jeep chegamos ao nosso acampamento. Saltamos para fora do carro e devolveu-se o animal à natureza. Mas e o outro Jeep?????? Perdemos os espanhois. toca a entrar de novo no carro para os salvar e ao fim de algum tempo foram encontrados a mudar um pneu que se havia furado.
Grupo completo, hora de acampar e comer, ali mesmo no meio do deserto do Sahara. Azar dos azares, correndo o risco de não experimentar a maravilhosa cozinha do Magreb fomos brindados com um maravilhoso prato de COUS-COUS (abençoadas as sandes roubadas no hotel logo de manha cedo). Houve djumbés e chá ao relento, do calor infernal do dia deu lugar a um frio quase glaciar, as tendas eram uns cobertores pousados por cima de umas canas disposta num circulo quase quadrado. A Lua estava cheia, reflectia no chão fazendo sombras estranhas, as fogueiras haviam sido apagadas e de repente tinham desaparecido 2 membros do grupo. Instalou-se o medo, percorremos a área envolvente duas e tres vezes, perguntamos a uns homens se haviam visto passar 2 raparigas. NADA, com o coração aos pulos fomos para a tenda esperar, deitados a tremer de frio sem conseguir dormir esperamos horas (2 no total) até que as ovelhas tresmalhadas apareceram, tinham ido só ver a Lua ao Deserto!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um Chá no Deserto (em baixo de chuva)



O tempo passa por nós, tão rapidamente que era capaz de jurar que ainda há uns meses estava a tomar um chá no deserto! É neste contexto de um reviver saudosista que dou inicio ao meu pequeno mapa mundi que vou deleneando por estes tempos meio conturbados. Faz um ano precisamente amanhã que embarcamos para terras do Magreb. Éramos 5, os suficientes para caber dentro de um carro, os suficientes para que em número impar ninguem se sentisse a menos e acima de tudo 5 pessoas que mal se conheciam mas plenas de vontade de apanhar uns outros ares.

O destino não era o inicial, mas outros valores se levantaram mais alto e após muita pesquisa encontrámos aquilo que era mesmo o que necessitavamos, porque não um rali pelo Deserto do Sahara?! Sim é isso mesmo, vamos.

As mochilas estavam prontas, a papelada em dia e não tardou o dia zero desta tão louca e revigorante jornada. Eram só 3 horinhas de avião e estávamos a postos para a aventura, minguem nos contou que naquele dia 21 de Abril que chovia a cantaros o "supositório com asas" voasse tão mal, num excelente voo que mais parecia a maquina de lavar quando está a centrifugar. Felizmente aquela lata chegou ao inteira ao chão, mas que sorte era a nossa estava a chover no Magreb?!!!

Enfiaram-nos num autocarro e foram horas e mais horas em plena escuridão sem saber para onde nos levavam, hoje passado um ano ainda nos questionámos onde nos depositaram, o autocarro foi largando passageiros aqui e ali e os 5 (como nos livros de Uma Aventura) ficámos sozinhos bem la no fundo ate que se avistou um hotel onde se passou umas maravilhosas 3 horas de sono, não reparador.

A coisa parecia não estar a correr bem, estava frio, chovia cada vez com mais intensidade, o sono atacava com força e o senhor do hotel teimava em ver os passaportes e a preencher uma serie de papeis em francês e árabe, até que nos disse que nos viriam bucar pelas 6h45 da manha.

A noite passou rápido e assim que vi os raios de luz corri para a janela, e ali estava ele, não o deserto ainda não (afinal estavamos bem longe dele ainda), abri a janela e vi um sol luminoso que emergia do Mediterrâneo, uma espécia de augúrio positivo. Foi num ápice que a trupe se vestiu foi tomer o "petit-dejeuner" e ás 7 horas estávamos prontos para embarcar, e levar a primeira de muitas repreensões em francês/árabe/espanhol, afinal não era para estar ás 06h45?!

Aerobus ...



Cacilhas, Cais do Sodré, Carris nº 91 ... Santissima Trindade de todas as partidas de que já se regressou, das que vou e ainda não voltei, das que um dia talvez irei e quem sabe das partidas de que um dia não voltarei a regressar!
Partir para qualquer lugar sempre me deixou um estado de ansiedade que nunca soube muito bem explicar. Recordo-me dos tempo de escola primária onde nem dormia na excitação das vésperas dos famosos passeios, sim, mesmo aqueles até ao Jardim Zoológico.
Os anos passam assim como as visitas ao Zoo vão rareando, mas a citação mágica do "vamos a..." continua a deixar a sua marca, especialmente nas longas noites de véspera, e quanto mais vou, mais quero voltar a partir.
Viajar tornou-se então quase como uma necessidade humana básica como comer e respirar, assim numa espécie de doença psiquica em tons de obsessão-compulsão em partir, chegar a casa pleno de saudosismo de quem partiu e ao fim de algum tempo estar de novo de trouxa haviada para ir a algum lugar.
Já se passou quase 3 anos dos loucos tempos de universidade (sem bem que ainda nela continuo), dos verões longos, das festas a meio da semana e das responsabilidades tantas vezes deixadas para segundo plano, num paragrafo conclusivo e indibitavel do "logo se vê!". Começar a trabalhar não é facil como é de esperar, ma spor seu lado abre outras portas que até então nao conhecia; abre as portas da conta bancária para irmos viajar aqui ali e acolá sem ter de dar grandes explicações, nem andar numa roda viva de mealheiros, peditórios familiares, aniversários e natais de poupança. Como alguém aqui em casa diz "gastas o dinheiro todo", é verdade, pouco fica para contar a história mas remato o cliché com a tão já habitual explicação do antes pobre e culto do rico e burgenço. lol
E de conta bancária volta e meia vazia, de mochila cada viz mais carregada e a minha Fuji em punho, lá vou na famosa peregrinação da Santissima Trindade com destino ao Nosso Senhor da Portela para mais um carimbo na terceira via deste passaporte.